CILCISMO

Publicado  quarta-feira, 19 de outubro de 2011


CICLISMO


O ciclismo como é conhecido hoje começou a ser praticado em 1816, quando um nobre alemão chamado Karl Drais colocou um guidão para direcionar a roda dianteira do celelífero. A bicicleta rudimentar foi criada provavelmente na França na segunda metade do século 18 e consistia em uma trave de madeira com duas rodas.
Poucos imaginavam na época que quase dois séculos depois o esporte criado a partir do celerífero viveria uma crise sem precedentes. Nos últimos anos, a modalidade vem lutando contra os escândalos de doping que mancharam sua imagem. Alguns dos principais atletas do mundo foram envolvidos em polêmicas com substâncias proibidas. A Volta da França, principal evento no planeta, é cheia de casos suspeitos, com abandonos de equipes inteiras no meio da competição. O último escândalo foi em 2006, quando o então campeão, o norte-americano Floyd Landis, foi flagrado no antidoping e perdeu o título.
Motivo de preocupação que se originou em uma máquina que era motivo de píada. Quando Drais criou sua bicicleta, o estranho objeto era olhado com estranheza pelas ruas. Mas a praticidade levou à popularização e a máquina, batizada como draisina, se espalhou rapidamente por toda a Europa, principalmente na França, na Alemanha e na Inglaterra.
Em 1819 as primitivas draisinas de madeira foram substituídas pelas de ferro e disputaram uma corrida de 10 km. Vinte anos depois, um ferreiro escocês chamado Kirkpatrick McMillan agregou alavancas que permitiam impulsionar as draisinas sem ter que colocar os pés no solo. Estas alavancas faziam girar o eixo traseiro como nos atuais carrinhos de criança. O pedal foi incorporado em 1861, por Pierre Michaux, um ferreiro francês. Seis anos mais tarde, Michaux e seu filho Ernest apresentaram seu modelo de velocípede na Exposição Internacional de Paris.
Em 1868, foi realizada na França a primeira corrida de velocípedes em pista, sobre uma distância de 1.800 metros. A prova foi vencida pelo inglês James Moore, que também venceu a primeira corrida unindo duas cidades, a Paris-Rouen, em 1869. Naquele ano, uma empresa já produzia 200 máquinas por dia com o nome de bicicleta e várias alterações em relação ao projeto original, adaptadas por inventores de diversas partes do mundo: rolamentos, banda de borracha nas rodas, freios na roda e tubos de metal para o quadro.
Em 1870, James Starley criou a grande-bicicleta, com uma roda dianteira gigante de 1,50 metro de diâmetro e uma roda traseira minúscula, de 50 centímetros, com rodas de raios de arame e bainhas de sabre como forquilhas. Nessas engenhocas foi disputada a corrida entre Florença e Pistóia, na Itália, com um percurso de 33 km, vencida pelo norte-americano Rynner van Neste.

Pequim teve a estréia do bicicross

Em 1879, com a notória dificuldade para se equilibrar nas bicicletas de Starley, o inglês Henry Stanley criou a primeira bicicleta de segurança, com duas rodas de igual tamanho e transmissão por corrente, nos mesmos moldes da bicicleta atual. No ano seguinte, o veterinário de Belfast John Dunlop inventou o pneumático e a válvula. No início do século 20, começaram a ser disputadas grandes provas de estrada por etapas: a Volta da França (1903), o Giro da Itália (1909) e a Volta da Espanha (1935). A primeira prova em estrada da América do Sul – a Volta da Colômbia – foi disputada em 1951.ciclismo historia olimpiadas A História do Ciclismo | no Brasil, Regras e Infográfico
Nas Olimpíadas, o ciclismo é disputado desde os primeiros Jogos, quando foi realizada uma prova de estrada de 87 km entre Atenas e Maratona (ida e volta). Em Pequim, o bicicross estreiou no cronograma olímpico – a prova que já havia sido disputada no Pan-Americano do Rio. Estrada, pista e mountain bike são as outras provas em disputa.

Regras

PISTA
Disputadas no velódromo, as provas de pista são realizadas com bicicletas de 5,5 kg a 7,5 kg desenvolvidas para atingir altas velocidades. Os ciclistas são obrigados a usar capacetes, desenhados de forma aerodinâmica para permitir uma mínima resistência ao ar.
O velódromo tem forma oval e pode ter uma circunferência entre 250 m e 333 m, com duas curvas inclinadas a 41º. Normalmente é feito de madeira de alta qualidade e tem várias linhas desenhadas que servem de indicação aos ciclistas.
Velocidade – É o evento clássico da modalidade. Dois ciclistas entram no velódromo para competir um contra o outro. A prova de velocidade é eliminatória, realizada em três voltas. O percurso tem 1.000 metros, mas só os 200 metros finais são cronometrados. Nos primeiros 800 metros, os competidores andam o mais devagar possível, evitando ficar na frente para não dar a vantagem do vácuo ao adversário. São disputadas provas individuais masculinas e femininas.
Perseguição – Os competidores largam em posições opostas do velódromo. Ganha quem ultrapassar primeiro o adversário, ou quem completar o percurso (3 km para as mulheres, 4 km para os homens) em menos tempo. São disputadas provas individuais, para homens e mulheres, e por equipes, somente para homens. Na perseguição por equipes quatro ciclistas largam de lados opostos, completando 14 voltas. Vence o país que terminar primeiro o percurso com três atletas ou aquele cujo terceiro componente ultrapassar o terceiro da equipe adversária.
ciclismo no velodromo A História do Ciclismo | no Brasil, Regras e InfográficoContra o relógio – Cada ciclista larga sozinho na pista, em intervalos de 90 segundos, para percorrer 1.000 metros (homens) ou 500 metros (mulheres) no menor tempo possível. São disputadas apenas provas individuais.
Corrida por pontos – É a prova mais longa do ciclismo de pista (40 km para homens e 25 km para mulheres). A cada sprint de dez voltas, os quatro mais rápidos recebem uma pontuação. O primeiro, cinco pontos; o segundo, três pontos; o terceiro, dois pontos; o quarto, um ponto. No último sprint, a pontuação é dobrada. Ganha quem somar o maior número de pontos. São disputadas apenas provas individuais.
Velocidade olímpica – Disputada apenas por homens, é realizada por dois times de três ciclistas. As equipes largam de posições opostas do velódromo e na primeira volta são lideradas por um ciclista, que sai de cena quando a volta é completada. Na segunda volta, outro ciclista assume a ponta saindo da pista ao término do percurso. Na última etapa, o terceiro competidor completa a prova e, em seguida, são somados os pontos dos três ciclistas para se estabelecer o vencedor.
Keirin – É uma competição originária do Japão. A prova, disputada apenas por homens, consiste em oito voltas. Nas primeiras cinco voltas e meia os competidores seguem uma bicicleta motorizada, que dita o ritmo até chegar aos 45 km/h, para, em seguida, abandonar a pista e deixar os competidores disputarem as medalhas nas últimas duas voltas e meia.
Madison – Competição por equipes. Dois ciclistas se alternam na pista: enquanto um descansa girando na parte alta do velódromo, o outro corre o mais rápido possível na parte de baixo da pista. Quando acontece a troca, o ciclista que está na parte de baixo toca o selim do companheiro para que este prossiga pedalando. A cada vinte voltas a dupla pontua. Ganha quem completar o maior número de voltas. Se houver empate, o vencedor será o que somou mais pontos. Apenas disputada por homens.
MOUNTAIN BIKE
O mountain bike é disputado em um terreno de cross-country, com subidas, descidas e trilhas de lama. O vencedor é aquele que primeiro cruzar a linha de chegada. Para homens, o circuito varia entre 40 e 50 km. Para as mulheres, entre 30 e 40 km, com obstáculos naturais.
BICICROSS
O bicicross vai fazer a sua estréia nas Olimpíadas de Pequim com a disputa masculina e feminina em pistas com saltos e obstáculos, que podem variar entre 300 m e 400 m. Em cada bateria eliminatória, o ciclista ganha pontos de acordo com a posição que chega (por exemplo, se for o primeiro, ganha um ponto, e assim sucessivamente). No final das eliminatórias avançam para a próxima fase os melhores colocados. Assim segue a disputa até chegar à decisão da competição.

Ciclismo no Brasil

Esporte disputado desde a primeira Olimpíada, o ciclismo chegou ao Brasil no fim do século 19. Em 1895, foi inaugurado em São Paulo o velódromo do Clube Atlético Paulistano, local das principais provas que aconteceram na época. Só depois surgiram outras opções, como o Clube Brasil, o Ciclo Clube Ardanuy e o Bom Retiro.
A necessidade por uma maior organização culminou com a fundação da Federação Paulista de Ciclismo em 1925. Mesmo assim, a modalidade ainda não estava consolidada, recebendo maior fôlego com a criação da 9 de julho, a mais tradicional competição da modalidade, que nasceu em 1933 e é disputada até hoje.
A evolução interna nos anos seguintes fundou as estruturas para que os resultados internacionais começassem a aparecer na década de 50. Cláudio Rosa foi o primeiro a levar o nome do Brasil no exterior. Em 1952, venceu o Torneio Ciclístico Internacional, em Assunção, no Paraguai. Dois anos depois, ele faturou o Campeonato Americano de Resistência.
No entanto, o principal triunfo aconteceu apenas em 1959. No Pan-Americano de Chicago, Anesio Argenton conquistou o primeiro lugar na prova do quilômetro contra o relógio, assegurando a única medalha de ouro brasileira da modalidade na história da competição. Na edição seguinte, em São Paulo, Argenton não conseguiu repetir seu desempenho, mas voltou a subir ao pódio com um bronze na mesma prova.
ciclismo no brasil A História do Ciclismo | no Brasil, Regras e InfográficoNos Jogos Olímpicos, em que o Brasil não possui nenhuma medalha, as melhores performances também foram de Argenton. Depois de estrear na Olimpíada em 1936, o país alcançou resultados mais marcantes em 1956, em Melbourne, e 1960, em Roma.
Na Austrália, Argenton terminou na nona colocação na prova de velocidade. Já na Itália, obteve desempenho que ainda não foi igualado no país: uma quinta posição também na velocidade e um sexto lugar nos 1.000 metros contra o relógio.
Entre os Ciclistas Brasileiros, um dos destaques é Luciano Pagaliarini, profissional na Europa e medalha de bronze no Pan do Rio. O técnico da equipe será o ex-ciclista Mauro Ribeiro, único brasileiro a vencer uma etapa na tradicional Volta da França.
Como fica evidente pelos resultados, o ciclismo brasileiro é predominantemente de estrada. Sem estrutura, o Brasil possui hoje poucos velódromos para treinamento e o único em nível internacional é o do Rio de Janeiro, construído para o Pan-Americano do ano passado.

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